O artigo mostra a relação entre os modelos de gestão, a cultura empresarial e a tecnologia, destacando que a implementação de novos modelos é lenta e exige esforço das lideranças. Por outro lado, a adoção da tecnologia é preferida por prometer resultados rápidos mas, quando usada universalmente, a vantagem competitiva pode se esbater. O artigo mostra um caminho viável para as empresas que estão ativamente à procura de uma decisiva vantagem competitiva.
Palavras-chave: tecnologia, inovação, políticas empresariais.
Qualquer modelo de gestão baseia-se
em certas políticas, concretizadas
em regras e procedimentos.
Isso parece-me óbvio.
E enquanto a maior parte do trabalho
for feito por pessoas, a adesão aos
modelos de gestão está dependente
do comportamento das mesmas.
Sim, mas de um ponto de vista
da cultura vivida pela empresa,
como a poderíamos aferir?
Isso também me parece óbvio!
Os comportamentos (mais vezes)
testemunhados são o melhor
aferidor da cultura existente.
Estás a dizer que quando seguido,
um novo modelo de gestão leva
a uma nova cultura empresarial.
Quando seguido, sim.
Só que não te esqueças que, até que
um novo comportamento produza bons
resultados é necessário muita repetição
para gerar consistência e hábito...
E um elevado dispêndio de energia
por parte das lideranças...
Nem mais.
Ou seja, para uma empresa já existente,
seguir a fórmula «cultura produz resultados»
leva bastante tempo (pois há uma elevada inércia)!
Infelizmente, parece ser esse o caso.
Não admira por isso, que os modelos
de gestão sejam vistos como lentos
para se atingir resultados.
E é inegável de que existe uma pressão
para melhorar a taxas cada vez maiores.
Se estamos aqui só para constatar
o óbvio também posso ajudar!
Ah, calma! Estava só a querer dizer que,
nesse caso, os modelos de gestão
continuarão a ser preteridos por
qualquer outro método que prometa
resultados mais rápidos e a um menor esforço.
Sim, acho que é uma conclusão sólida...
nas empresas, quase todos preferem o
tangível ao intangível, quase todos
preferem o prático ao «teórico».
Moral da história:
o caminho para a tecnologia fica
escancarado, tornando-se mainstream.
É por isso que o mercado
das tecnológicas tem crescido nos
últimos anos a uma taxa elevada!
E se chamares novamente a «inércia»,
enquanto a taxa de crescimento não baixar,
os gestores não verão razão para
mudar de paradigma / estratégia.
Verdade. A menos que...
A menos que?
A menos que se gere aqui um empate técnico.
Explica melhor...
Se todos adotarem a tecnologia a um mesmo
nível, que vantagem competitiva daí virá?
A minha inclinação é para considerar que
quem não usa a tecnologia a seu favor
está fora do mercado muito rapidamente
— mas daí a afirmar que é a tecnologia que
fornece uma decisiva vantagem competitiva...
Tendo a concordar. Vejo-a
como uma condição necessária,
mas longe de ser suficiente.
Enquanto as empresas forem constituídas
por pessoas, trabalhar na sua inteligência
é uma ação sensata, mas igualmente segura.
Sim, a inteligência nas empresas traduz-se
nas competências que nos permitem resolver
os problemas melhor e mais rapidamente. Ora,
o que não é a melhoria contínua senão também
um modelo de gestão, para além de um conjunto
de técnicas, ferramentas e metodologias
de problem solving?
E, por arrasto, na capacidade de usar
a tecnologia a um nível ainda superior…
Exatamente!
A parte visível da melhoria contínua
está em libertar uma enorme capacidade
escondida sem recorrer a investimento, sim.
Mas para além disso queremos usá-la
para aumentar a inteligência individual
e das próprias equipas.
Deste modo, as empresas estarão não só
a proteger os seus ativos mais caros —
as próprias pessoas — como elas se
estarão a proteger a si próprias.
Em suma, os modelos de gestão sucumbirão sempre
à nova tecnologia, a menos que os primeiros consigam
interagir com a tecnologia de modo a capitalizá-la melhor
e mais rapidamente, do que as empresas concorrentes.
Touché.
REFERÊNCIAS
[1] Castro, Ricardo A. - Doentes que não esperam (2024), Cordel d'Prata.
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